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Postado por : Robert Melo domingo, 1 de fevereiro de 2015



"[...] Quentes, por favor..."

- Caio Fernando Abreu


Meu Café

Eu sempre tomo o meu café silencioso. Não procurava nem esperava companhia. Mas já que você apareceu, pode ficar. Eu gostei de você com esse gosto de manhã. Água, corpo e coração quentes. Porque assim como o café, o amor também não serve frio. Tem que vir quente. Fervente e pelando a língua. Essa coisa que invade pela boca enquanto a gente se olha. Teu amor e teu gosto de café na minha boca.

Foi um sorriso e você disse que era amor. Foi um abraço e a gente sabia da cumplicidade. Foi aquele beijo que me deu pra você. Foi você chegando que definiu todo aquele momento que eu vivia esperando a vida me mostrar. Não sei nada de nada. Faz tempo que sou outro. Você quer me enquadrar nas suas palavras, quer que tudo faça sentido, mas não entende que eu sou feito de liberdade, de marcas e de amores. Eu não me prendo à palavras, você já percebeu isso. Quer me prender, me dê ações. Mas é teu gosto que me deixa impaciente. Tenho uma alma avessa a contenções. Não sei me dizer não. Me acostumei mal. Me acostumei com você.


Foi bom você ter aparecido e me mostrado esse outro lado. Ter acalmado as minhas expectativas sem querer saber das minhas razões. Você não quis saber de nada, apenas chegou e se acomodou, sorriu com esse sorriso doce e exalou esse perfume bom em mim. Mas quem disse? Quem disse que você podia acalmar a minha agitação? Desacelerar o meu ritmo? Quem disse que estava autorizado a tirar todos os meus planos da gaveta? Talvez fosse isso que faltava.

Venha comigo, aprenda a tocar as cifras da minha música. Tudo irá acontecer exatamente como deve ser. Não peço nada, me dá o que você tem. O que é teu já me basta. Enquanto tomo meu café, eu tomo você. 


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