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Postado por : Robert Melo sexta-feira, 16 de setembro de 2016

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I - Planeta do Príncipe
No asteroide B612, vivia um pequeno menino, frequentemente chamado de Pequeno Príncipe. Sua vida consistia em cortar baobás, controlar vulcões e assistir aos pôres-do-sol. Mas, certo dia, algo mudou seu destino: uma rosa apareceu em seu pequeno planeta.
-Ah, eu acabo de despertar... Desculpa... Eu ainda estou toda despenteada... - disse a rosa.
O principezinho não pode conter seu espanto:
-Como és bonita!
-Não sou? - respondeu a flor, docentemente - Nasci ao mesmo tempo que o por do sol.
O principezinho percebeu que a flor não era modesta, mas era muito comovente.
-Creio que seja hora do almoço - acrescentou ela, obrigando o príncipe a trazê-la água. Mesmo sem possuir um regador, ele deu seu jeito.

Ao dá-la água, o príncipe indagou-se:
-Para que tens espinhos?
-Para proteger-me dos tigres! Eles tem garras! - respondeu a flor.
-Mas no meu planeta não há tigres!
-Pode não haver tigres, mas eu não tenho como escapar das larvas, sem contar que há muito ar. Traga-me um para-vento ou uma redoma.

O principezinho acatou sua ordem, mas ficou pensativo ao afastar-se da flor:
-Ela embeleza o meu planeta, mas suas palavras não são condizentes com suas atitudes. Apesar de minha flor ser única no mundo, partirei.
No dia seguinte, o principezinho retirou a redoma da rosa, para que ela tomasse um pouco de ar, e tratou de arrancar os baobás que cresciam pelo seu planeta antes de partir, pois queria manter tudo em ordem. Essa atividade rotineira, que antes lhe era muito tediosa, agora estava sendo contagiante.  Na hora de colocar-lhe a redoma novamente, a flor rejeitou-a:
-Não será necessária.
-Mas e os bichos?
-É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. E, provavelmente, elas serão as únicas que virão visitar-me na tua ausência. Dizem que são tão lindas! Quanto aos bichos grandes, não temo quanto a eles. Tenho minhas garras. - e sacudiu agressivamente seus espinhos. - Trata de ser feliz. Eu fui uma tola - completou - Não demores assim que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora! - ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...

II - Planeta do rei
O PEQUENO PRÍNCIPE PARTIU. Ele se achava na região dos planetas 325,326,327,328,329 e 330. Aterrissou no primeiro, o qual pertencia a um rei, cujo manto ocupava todo o  planeta.
-Ora, um súdito! - gritou o rei.
-Como pode ele reconhecer-me, se jamais me viu? - disse o principezinho.
-Ordeno que te aproximes e te sentes. - disse o rei, orgulhoso por ser o rei de alguém.
O principezinho procurou com os olhos algum lugar para sentar, mas o planeta era ocupado pelo manto do rei. Tratou apenas de chegar perto, e bocejou.
-Ora, que tamanho desrespeito bocejar na frente de um rei!
-Desculpe, não pude evitar. Fiz uma longa viagem e ainda não dormi.
-Então - disse o rei - eu ordeno que bocejes. Bocejos são uma raridade pra mim. Bocejes, vamos!!
-Isso me intimida... eu não posso mais... disse o príncipe, com olhos arregalados.

- Tu és um rei, eu gosto do por do sol. Ordena que o sol se ponha para mim.
-Ordenarei que o sol se ponha as 17:45
-E por que não antes?
-Ora, se tu julgares um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele achará que é insignificante. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.
Perto de aborrecer-se, o principezinho indagou - Não tenho mais nada que fazer aqui, partirei.
-Não partas, fique... - o rei estava orgulhoso de ter um súdito - Eu te faço ministro!
-Ministro de que?
-Da... da.... justiça!
-Mas não há ninguém a julgar!
-Tu julgarás a ti mesmo. É bem mais difícil julgar a si mesmo do que aos outros. Se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio.
-Mas eu posso julgar a mim mesmo em qualquer lugar, não preciso morar aqui.
-Já sei! Tu julgarás um velho ratinho que habita meu planeta. Tu pode condená-lo a morte, mas sempre irá poupá-lo, pois só temos um.
-Não gosto de condenar à morte, e acho que vou mesmo embora.
As pessoas grandes são muito esquisitas - pensava o pequeno príncipe, durante a viagem.

III - Planeta do vaidoso
O terceiro planeta, um vaidoso habitava.
-Ah! Ah! Um admirador vem visitar-me - exclamou de longe o vaidoso, mal vira o príncipe, porque, para os vaidosos, os outros são sempre admiradores.
-Tu tens um chapéu engraçado.
-É para agradecer os que me aclamam. Bata as mãos uma na outra - aconselhou o vaidoso.
O principezinho bateu palmas, e o vaidoso agradeceu erguendo o chapéu. Após cinco minutos, o principezinho cansou-se da monotonia:
-E para o chapéu cair, que é preciso fazer?
Mas o vaidoso não ouviu. Vaidosos só ouvem elogios.
O principezinho foi-se embora.
-Pessoas grandes são definitivamente esquisitas - pensou ele.

IV - Planeta do bêbado
O planeta seguinte era habitado por um bêbado.
-Que fazes ai? - perguntou o príncipe ao bêbado, diante de uma coleção de garras vazias, e outra de garrafas cheias.
-Estou bebendo - respondeu o bêbado.
-Por que é que bebes?
-Para esquecer - respondeu o beberrão.
-Esquecer o que?
-Que eu tenho vergonha!
-Vergonha de que?
-De beber!!!

E o principezinho foi-se embora, perplexo.
Os adultos são decididamente bizarros.

V - Planeta do contador
O quarto planeta era habitado pelo homem de negócios.
-Bom dia. Seu cigarro está apagado.
-Três e dois cão cinco. Cinco e sete, doze. Sete e doze, dezenove. Ufa! São quinhentos e um milhões, seiscentos e vinte e dois mil, setecentos e dezenove. - disse o contador.
-Quinhentos milhões de que?
-Dessas coisinhas que se veem as vezes no céu.
-Moscas?
-Não, essas coisinhas que brilham.
-Vagalumes?
-Não, estas que fazem com que os ociosos sonhem...
-Ah, as estrelas!! E que fazes delas?
-Nada, eu as possuo.
-E para que te serve possuir as estrelas?
-Serve para eu ser rico.
-E para que te serve ser rico?
-Para comprar mais estrelas!
-Como podemos nós possui-las? De quem são elas?
-Eu não sei, de ninguém. Logo, são minhas, porque pensei primeiro.
O pequeno príncipe decidiu partir.
-As pessoas grandes são mesmo extraordinárias, pensou.

VI - Planeta do acendedor
O quinto planeta era curioso, e  menor de todos. Frequentado apenas por um acendedor de lampião, e seu lampião. Logo que abordou o planeta, o pequeno príncipe saudou o acendedor: [APAGA]
-Olá. Por que acabaste de apagar teu lampião?
-Boa noite. Porque é o regulamento.
-E que é o regulamento?
-É ascender e apagar meu lampião. Bom dia. [ACENDE]
-Não compreendo.
-Não é pra compreender. Regulamento é regulamento. Boa noite. [APAGA]
- Eu executo uma tarefa terrível. Bom dia! [ACENDE]. Meu planeta dá uma volta por minuto. Não tenho um segundo de descanso.
O pequeno príncipe decidiu partir.
-De todos, foi o único que podia tornar-se meu amigo. Mas seu planeta era pequeno demais para nós dois.

VII - Planeta do geógrafo
O sexto planeta era dez vezes maior que o anterior, habitado por um homem que escrevia livros enormes.
-Bravo, eis um explorador! - exclamou ele, logo que viu o príncipe.
-Que livro é esse? Que fazes aqui?
-Sou um geógrafo. Escrevo sobre tudo que há nos planetas.
-E no teu planeta há muitas coisas lindas?
-Não sei, não o conheço. Só anoto sobre sua geografia.
-E de que te vale saber mas não conhecer?
-Assim me torno um sábio! Que há no teu planeta?
-Há três vulcões, mas um está desativado. E uma rosa.
-Rosas não nos interessam, são efêmeras.
-Que quer dizer efêmeras?
-Quer dizer "ameaçada de próxima desaparição".
-Minha flor pode desaparecer?
-Certamente.
-Minha flor é efêmera e eu a deixei sozinha! - disse o principezinho.
Foi seu primeiro movimento de remorso. Mas retomou a coragem:
-Que me aconselha a visitar?
-O planeta Terra - respondeu-lhe o geógrafo - Tem grande reputação.
E lá foi-se o principezinho, pensando na flor.

VIII - Planeta Terra
[Flor]
O sétimo planeta foi a Terra. Não era um planeta qualquer. Contavam-se cento e onze reis, sete milhões de geógrafos, um bilhão de negociantes, duzentos milhões de beberrões e trezentos e onze milhões de vaidosos, isto é, quase quatro bilhões de adultos.
Chegando lá, o príncipe avistou uma flor:
-Bom dia - disse o principezinho.
-Bom dia - disse a flor.
-Onde estão os homens?
A flor, um dia, vira passar uma caravana:
-Os homens? Creio que existem seis ou sete. Vi há muitos anos, mas não pode se saber onde estão. O vento os leva. Eles não tem raízes. Não gostam de raízes.
-Adeus - disse o principezinho
-Adeus - disse a flor.

[Raposa]
Pôs-se a caminhar, e foi aí que apareceu uma raposa:
-Quem és tu? - perguntou o pequeno príncipe - tu és bem bonita!
-Sou uma raposa.
-Vem brincar comigo, estou tão triste...
-Eu não posso brincar contigo - disse a raposa - ainda não me cativaram.
-Que quer dizer cativar?
-É algo já esquecido. Significa "criar laços".
-Eu adoraria lhe cativar. Mas não tenho muito tempo.
-Vês aquelas plantações de trigo? Não se servem para nada, mas teus cabelos são dourados, e se tu me cativares, os trigos me lembrarão de ti. Por favor, cativa-me!
-Que é preciso fazer?
-Volte amanhã, no mesmo horário. Se tu vieres as quatro, desde as três eu começarei a ser feliz!

E o principezinho voltou. A raposa estava inquieta de felicidade. Ele pensou:
-Era uma raposa igual a cem mil outras, mas eu fiz dela um amigo, e agora ela é única no mundo.
Mas, na hora da partida do príncipe, ela anunciou que choraria:
-A culpa é tua. Tu que quiseste que eu te cativasse.
-Sim, mas eu saí no lucro: terei sempre o trigo para lembrar de ti. Agora, eis o meu segredo: "o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração". Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a fez tão importante.
-O tempo que perdi com a minha rosa... - repetiu o príncipe...
E partiu.

[Avidor]
Foi então que ele encontrou-me...

-Ei, desenha-me um carneiro!
Eu desenhei-lhe o único desenho que me veio em mente: a velha cobra que engoliu um elefante, mas parecia um chapéu.
-Não, eu não quero um elefante dentro de uma cobra. Meu planeta é muito pequeno. Desenha-me um carneiro!
Após algumas tentativas falhas, irritei-me e desenhei-lhe uma caixa:
-Tome, seu carneiro está aí dentro.
-Perfeito! Era assim mesmo que eu queria.

Indaguei-me com a capacidade do rapaz de nunca desistir, mas o que será que um jovenzinho fazia no deserto, sozinho e sem nenhuma civilização próxima?
Ele disse-me que queria um carneiro pois no seu planeta haviam muitos baobás - pequenas sementes que crescem e não podem mais ser cortadas -, e o animal poderia comê-los antes que eles crescessem.
Ele afastou-se, e eu pude voltar a consertar o motor do meu avião.

[Cobra]
O pequeno príncipe ficou fora da visão do aviador, quando encontrou uma cobra.
-Tu és um bicho engraçado.
-Ora ora, e quem és tu, jovem aventureiro?
-Sou o pequeno príncipe. Vim daquele planeta brilhante. Está bem acima de nós!
-Teu planeta é muito bonito!
-Tu és muito engraçada. És tão fina quanto um dedo!
-Mas sou mais poderosa que o dedo de um rei. Posso levá-lo para casa num piscar de olhos.
-Para casa? Preciso mesmo retornar ao meu planeta, minha rosa precisa de mim...

-Afaste-se dela, rapaz! -gritei
-Ela me levar-a de volta a meu planeta, preciso dela!

Aquela foi a cena mais triste que eu já vi. Não fez barulho algum, pois o corpo caiu na areia.
Nunca mais vi o pequeno príncipe, nem contei sobre ele para ninguém. Mas sei que ele está lá em cima, na estrela mais brilhante que habita sob o céu.

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